Por que os atacantes de hoje marcam menos gols?
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Recebi recentemente uma pesquisa muito interessante sobre artilheiros, caras que fazem muitos gols. O balanço mostra que aqui no Brasil se faz menos gols atualmente, apesar de jogarem quase o dobro de partidas em relação aos anos 80 para trás.
Eu me pergunto:
O que mudou?
Cria-se menos jogadas de gols?
Se treina menos fundamentos de finalização?
Falta treinamento específico para centroavante?
O futebol de hoje se joga muito para os lados e para trás?
Enfim, existem diversos motivos para essa diminuição drástica de gols.
Como base dessa pesquisa, me mandaram números da história do Corinthians e é muito intrigante.
O centroavante Flávio, que jogou no Corinthians nos anos 60 e que, inclusive, fez um dos gols na vitória contra o Santos no Pacaembu, na quebra de tabu de 11 anos sem vitória em 1968, o outro foi do Paulo Borges.
Flávio, com a camisa 9 do Corinthians, fez incríveis 55 gols em 1965, sendo até hoje o maior artilheiro do Corinthians em um único ano.
E só jogando Campeonato Paulista, Taça Brasil e alguns amistosos que tudo somado não chega nem perto do que se joga hoje em dia.
Depois disso, ninguém chegou perto dessa marca, mas o número de gols continuou muito alto.
Em 1977, que foi o ano em que o Corinthians voltou a ser campeão paulista depois de 23 anos, o camisa 9 era o Geraldão, que fez naquele ano 36 gols.
Em 1980, o Magrão (Sócrates) chegou à marca de 30 gols, começando ali uma fase de muitos gols.
Mas o que me deixou orgulhoso foi saber que a última grande marca de gols num único ano, depois que Flávio fez 55, em 1965, foi a minha, em 1982.
Naquele ano, joguei 55 jogos, somando 15 no Campeonato Brasileiro, 36 no Paulista e ainda quatro amistosos, chegando à marca de 40 gols em 1982. Fui o terceiro maior artilheiro do Brasil. O primeiro foi Baiano (Náutico), com 43 gols, seguido por Zico (41).
O Magrão ainda faria seu melhor ano como artilheiro em 1983, com 38 gols marcados, e depois disso só passaram dos 30 gols com o Marcelinho nos anos 90, mas nessa época já havia a Copa do Brasil.
O Marcelinho Carioca fez 33 gols em 1994. Dois anos depois, ele fez 31 gols e depois 32 gols, em 1998/99.
Dois outros jogadores também passaram dos 20 gols no século 21.
Em 2002, o atacante Deivid fez 32 gols, enquanto Tevez fez 21, em 2005. Depois, ninguém mais chegou a marcar mais de 30 gols no ano.
Claro que eu peguei a referência da marca do Flávio em 1965 para frente, mas lá atrás tiveram jogadores históricos com marcas incríveis também.
O Sr. Teléco, que nos anos 80 tomava conta da sala de troféus, fez 50 gols em 1941.
Em 1952, foi a vez do Baltazar (Cabecinha de Ouro) chegar à marca de 48 gols.
O atacante Paulo fez 53 gols em 1955 e o genial Silva fez 43 gols em 1962.
Já em 2024, Yuri Alberto fez 31 gols, disputando o Paulista, o Brasileiro, Copa do Brasil e Sul-Americana, somando 58 jogos.
São números que mostram como o futebol era pensado para criar, atacar e marcar gols e que, quando se atrasava a bola para o goleiro sem necessidade, se tomava uma vaia das duas torcidas que estavam em campo.
O que fazer para melhorar o número de gols dos nossos atacantes?
Mais treinamentos?
Preparar melhor os garotos no início lá na base?
Ter na base, além de treinadores teóricos, também ter um ex-jogador na comissão técnica?
Enfim, a realidade é que no futebol brasileiro existe uma enorme escassez de jogadores criativos no meio-campo e, com isso, a bola demora para chegar ao ataque.
Quem tem um time mais técnico e criativo tem um centroavante que faz mais gol . No Pacaembu, na quebra de tabu de 11 anos sem vitória em 1968, o outro foi do Paulo Borges.
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